Pincelo tinta nas páginas em branco do ano que passou, colorindo os retratos que não tiramos e bordando as conversas que não tivemos…
Sem aviso, estamos suspensos em um mundo paralelo, onde seus planos não existem mais, nem seus cronogramas ou metas…só voltaremos a respirar quando tudo voltar ao normal.
Sem aviso, estamos isolados…sem as distrações cotidianas que preenchiam os espaços.
O que foi mais difícil no isolamento? A solidão ou a inescapável conclusão de ter que olhar pra si mesmo, a fundo?
O que te fez mais falta? O cheiro da rua, o barulho das multidões, o calor dos afetos?
O que te manteve em pé? A fé, o amor, a arte?
Percebe que já vivíamos em apneia antes? Sempre esperando o fim da semana, o fim do mês, o fim do ano, para voltar a respirar.
Sempre um novo ponto de chegada, enquanto o caminho passava pela janela.
Talvez, a duras penas, tenhamos aprendido a viver no presente.
Depois disso tudo eu te pergunto: seus planos para o ano novo, ainda são feitos de números?